terça-feira, 8 de outubro de 2013

Crítica

Luiz Ruffato faz duras críticas ao Brasil na abertura em Frankfurt
O escritor mineiro Luiz Ruffato, escalado ao lado da presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado, e do jornalista, escritor e político Milton Temer para discursar na abertura da Feira do Livro de Frankfurt, fez duras críticas à desigualdade social no país e à violência histórica contra índios, negros, mulheres e homossexuais. No final, encerrou dizendo que, com os seus livros, quer "afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo" e foi muito aplaudido.


"Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro – seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual – como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."

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