Editorial
ZH 24/02/2013
Os danos causados
pelo uso irresponsável de fogos de artifício não podem ser considerados
fatalidade, mas sim a consequência de uma estupidez. Da mesma forma, não é
inteligente nem aceitável a omissão das autoridades na vigilância e no controle
de instrumentos que podem provocar mortes e tragédias, como ocorreu na última
quarta-feira no episódio que vitimou um torcedor boliviano e como já havia
ocorrido no terrível incêndio da boate de Santa Maria.
Quando alguém
aciona um sinalizador pirotécnico num ambiente fechado ou em meio a uma
multidão, está assumindo o óbvio risco de causar danos. Não existe outra
possibilidade, pois esses artefatos têm potencial para queimar, ferir e até
mesmo para matar, como se constatou tristemente na cidade de Oruro, onde
torcedores brasileiros provocaram a morte de um jovem boliviano de 14 anos. No
Brasil, o uso de fogos de artifício é proibido em estádios de futebol, mas
todas as torcidas levam para as arquibancadas os chamados sinalizadores
pirotécnicos, criados para emitir luz ou fumaça colorida com o propósito
original de facilitar a localização de pessoas em situação de isolamento.
São igualmente
perigosos, pois na maioria das vezes possuem material inflamável e explosivo.
Portá-los ou acioná-los no meio de uma multidão são atos absolutamente
irresponsáveis, que merecem repreensão e punição.
Mesmo em
celebrações tradicionais, como as festas de fim de ano, o uso de fogos de
artifício tem que ser rigorosamente controlado. Existe legislação específica
para isso _ o que não existe é fiscalização suficiente nem uma cultura de
segurança por parte da população, que deveria denunciar abusos e riscos, até
mesmo para sua própria proteção. Na realidade, porém, há pessoas que usam até
mesmo armas de fogo para fazer barulho e chamar a atenção em momentos de
celebração coletiva.
A única explicação
para este comportamento deletério está na frase célebre do cientista Albert
Einstein: "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas,
no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta". Somos
falíveis, cometemos erros, muitas vezes calculamos mal os movimentos de nossas
vidas. Mas nada justifica a exposição gratuita e irracional a situações capazes
de provocar tragédias e causar danos irreparáveis a terceiros.
Para isso, para
prevenir que indivíduos com comportamentos desviantes causem prejuízos à
sociedade, existem as leis e as autoridades. A responsabilização posterior se
impõe, até como forma de atenuar o sofrimento dos familiares e amigos das
vítimas da insensatez. Mas o importante é prevenir, é evitar que fatos
deploráveis se repitam _ e não há outro caminho senão o da fiscalização
implacável e proibição de uso de equipamentos potencialmente causadores de
danos.
Fogos de
artifício, bombas, foguetes, sinalizadores explosivos não combinam com o
futebol, nem com qualquer espetáculo que reúna grande público. Se a estupidez
humana é infinita, como alertou o cientista, que pelo menos se tente torná-la
menos letal.
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